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O sistema Braille no mundo

 

 

Inventado em 1825, o Sistema Braille foi empregado inicialmente por Louis Braille e seus alunos no Instituto Real de Jovens Cegos de Paris. Em 1829, a administração do Instituto Real de Jovens Cegos publicou, com a intenção de difundir e divulgar oficialmente o sistema, um livro intitulado "Método de palavras, escritas, música e canções por meio de sinais, para uso dos cegos e adaptados para eles". Uma nova edição desse método foi feita em 1837 com algumas modificações.

 

O sistema de sessenta e três sinais que conhecemos até hoje foi então codificado. Somente em 1847, entretanto, devido à política interna do próprio Instituto Real, voltou a ser utilizado o Sistema Braille para a impressão de livros por essa instituição, sendo proclamado oficialmente. Em 1854, o Instituto publicou em Braille o primeiro trabalho em língua estrangeira: um livro de leitura em português. Os recursos para essa impressão foram doação pessoal do Imperador do Brasil.

 

Paris finalmente venceu e outras cidades da França foram seguindo seus passos na medida que as escolas especiais eram criadas nas províncias. A adoção do Sistema Braille na Europa foi mais lenta. Em 1860, foi impresso o primeiro livro em Sistema Braille fora da França, em Lousane, na Suíça. Apesar da incontestável vantagem do Braille, a completa adoção do sistema levou muitos anos.

 

De 1860 a 1880, o Sistema Braille foi adotado em toda a Europa, em sua forma original, com pequenas alterações devidas às particularidades de cada língua. Mas a luta pela introdução do sistema em outros países fora da Europa esta longe de terminar.

 

Na América do Norte, o Sistema Braille foi introduzido em 1860, mas houve muita relutância em sua aceitação. Somente em 1918, após quinze anos de trabalho de um comitê especial, a unificação foi possível. O comitê aceitou o Braille francês inicial, restabelecendo a uniformidade não só no próprio país como entre os Estados Unidos e a Europa. Em 1932, foi feito um acordo para o estabelecimento da unificação do Sistema Braille padrão da língua inglesa.

 

Na Ásia, as primeiras adaptações do Braille às línguas não européias datam do período de 1870 a 1880. O Braille foi adaptado inicialmente às línguas mais conhecidas e toda a honra da introdução do Braille na Ásia, África e nos territórios mais longínquos cabe aos missionários europeus e americanos.

 

Nos seus postos avançados e isolados, eles procuraram dar atendimento aos cegos que chegavam às missões e, sem premeditação, criaram as primeiras escolas para cegos nessas regiões. Para proporcionar um ensino sistemático, os missionários fizeram o melhor que lhes foi possível para adaptar o Braille aos seus dialetos.

 

O Braille no Extremo Oriente teve grande dificuldade para ser introduzido. Foi preciso muito esforço e criatividade para condensar os longos alfabetos a fim de exprimir os milhares de ideogramas utilizando as sessenta e três combinações do sistema.

 

A introdução do Braille foi então sendo feita através das adaptações necessárias a cada língua ou dialeto, de uma forma desordenada. Entretanto, em 1949, a Índia fez um apelo à UNESCO para que essa organização mundial contribuísse de alguma forma positiva para a racionalização do Braille nas diversas partes do mundo.

 

Os sessenta e dois anos de discussões e estudos sobre as diversas aplicações do Braille foram sem dúvida inevitáveis. Mas, diante dessa solicitação da Índia, o Conselho Executivo da UNESCO reconheceu a importância internacional do problema, decidindo que aquele organismo deveria contribuir ativamente para encontrar uma solução satisfatória tanto aos governos quanto aos cegos de todo o mundo. A UNESCO aceitou o desafio e começou os seus trabalhos sobre o Sistema Braille em primeiro de julho de 1949, terminando-o em 31 de dezembro de 1951.

 

Em março de 1950, realizou-se a Conferência Internacional de Braille, em Paris. Para essa reunião, foram convidados especialistas em Braille das diversas zonas lingüísticas, especialistas na educação de cegos e dirigentes de imprensas Braille.

 

Os técnicos convocados pronunciaram-se a favor de um Sistema Braille mundial unificado e estabeleceram os princípios sob os quais esse sistema deveria ser baseado. O estabelecimento do Braille mundial e as modalidades de sua aplicação nas principais línguas constituiu a fase seguinte dos trabalhos.

 

A Conferência Geral da UNESCO autorizou a convocação de reuniões regionais para a elaboração de um código Braille uniforme aos países de fala árabe como Egito, Iraque, Jordânia, Líbano, Paquistão, Irã e Síria, além de Sri-Lanka, Índia e Malásia. Outras conferências regionais também foram realizadas para a unificação do Braille abreviado para o português e espanhol.

 

Uma das recomendações da Conferência Geral da UNESCO, da qual participou um delegado da Fundação Dorina Nowill para Cegos, reunida em março de 1950 em Paris, era que fosse criado um Conselho Mundial de Braille para promover a adoção do Sistema Braille unificado para o uso normal e códigos especiais de matemática e música.

 

O Conselho Executivo da UNESCO, levando em consideração esse pedido, autorizou em outubro de 1951, o funcionamento provisório, sob a forma de um Comitê Consultivo, do Conselho Mundial de Braille diretamente ligado à UNESCO, que passou a funcionar oficialmente em 1952.

 

A primeira comissão indicada para estuda a criação do Conselho definiu a sua composição, as suas funções e os seus estatutos, propondo também os membros que deveriam fazer parte do mesmo. Atualmente, o Conselho Mundial de Braille faz parte integrante da União Mundial de Cegos, como um de seus comitês.

 

Todas essas resoluções, explicações e instruções sobre o uso do Braille por extenso e abreviado foram publicadas pela UNESCO em 1954 no livro "A escrita Braille no mundo". Essa publicação encontra-se esgotada. Em 1975, foi indicada uma nova comissão do então Conselho Mundial para o Bem-Estar dos Cegos para estudar a edição desse mesmo livro, atualizado e revisto.

 

A música também foi objeto de estudos, a partir de 1929, por ocasião da realização da Conferência Internacional de Braille. Entretanto, foi impossível um acordo total sobre o código de notações musicais. Nova conferência foi organizada pela UNESCO, pela União Mundial de Cegos e pelo Conselho Mundial de Braille, em Paris, em 1954, da qual participou um delegado brasileiro, representante da Fundação Dorina Nowill para Cegos.

 

Como conseqüência do trabalho dos especialistas reunidos nessa conferência, surgiu o "Manual Internacional de Notações Musicais em Braille". Essa publicação, compilada por H. V. Spanner e publicada pelo Conselho Mundial de Cegos, estabeleceu normas gerais para a transcrição de músicas para o Sistema Braille. Embora não seja de uso universal, a maioria dos países tomam-no como base para a aplicação do Sistema Braille à música, em todos os seus aspectos e para todos os instrumentos musicais.

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